Uma Confissão

Uma Confissão

Esta Pandemia está nos dando a oportunidade de reinventar nosso dia-a-dia. Podemos mudar os horários, a rotina, o dia da faxina e o dia das compras.

Como não estamos saindo, podemos usar nossas roupas mais antigas e poupar nossas roupas melhores, mesmo porque é impossível imaginar nossa situação financeira no futuro. Como não estamos nos arrumando para sair, temos que tomar cuidado para não virarmos um “fantasma” dentro de casa. O melhor é colocar aquelas elegantes versões antigas, que tanto gostávamos, mas que não usamos mais para sair. Isso nos fará sentir bem vestidas dentro de casa sem nenhum gasto.

Quase não estamos fazendo compras, não só pela falta de lojas abertas, mas também por estarmos poupando para o futuro incerto, acabamos por chegar à conclusão que temos coisas para muito tempo ainda e tão cedo não vamos precisar comprar nada, exceto alimentos. Estranho isso, né? Cadê aquela necessidade de comprar?

Como até a compra de alimentos está sendo feita mais espaçadamente, nos obriga a controlar mais a durabilidade dos alimentos perecíveis, bem como organizar criteriosamente a lista de compras e o cardápio até a próxima compra.

Com certeza, ao fim desta Pandemia teremos todos os nossos armários arrumados perfeitamente, como também, não restará nada na casa para consertar, arrumar, jogar fora, e outras ações que jamais teríamos tempo antes da pandemia.

Se formos pessoas não muito apegadas ao dinheiro, não estaremos tão preocupados com os prejuízos que possam advir desta paralisação e, se formos absolutamente sinceros e tivermos a coragem de confessar, no fundo, estamos até gostando de toda esta absurda situação. Porque não?

O desmanche do sistema, que até então, julgávamos imutável, nos deu uma certa liberdade de pensamento, aguçou nossa criatividade, passamos a enxergar novos caminhos, nos deu a consciência de uma diversidade de modo de vida jamais imaginada possível, sem contar que redimensionamos o espaço que precisamos para viver.

Esta paralisação mundial mostrou que, na verdade, não precisamos de grande parte das coisas que julgávamos “indispensáveis”.  Nos mostrou que para viver não precisamos de todos os “bens de consumo” com os quais gastávamos grande parte do nosso dinheiro. A maioria das coisas que deixamos de comprar, na verdade, nos foram vendidas, mas não adquiridas por necessidade própria.

Com certeza, existe nisto tudo um lado triste e negro. Os entes queridos que foram contaminados e perderam a vida, pais de família que perderam o emprego e terão que reiniciar suas vidas profissionais. Não estamos negando esses fatos, muito menos, desvalorizando a dor e o sofrimento de milhares de pessoas de todas as nacionalidades, mas os que conseguirem passar por essa crise sem o desmoronamento total de suas estruturas, terão suas bases remexidas e reformuladas, quando poderão reinventar um modo de vida mais simples, com base em modelos mais personalizados, sem objetos e ações desnecessárias e onde não caberão desperdícios.

Olhando esta pandemia sob uma visão global, esta é a grande chance que todos  precisavam para fazer os acertos necessários em suas vidas.

Mylene Prado

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