Algum Tempo Depois…

Algum Tempo Depois…

Quando olho para o céu, uma cena que sempre foi tão comum, me parece uma grande novidade. A fumaça de aviões cruzando o céu. Isso acontecia o dia inteiro, mas desde o fechamento de fronteiras por causa da Pandemia, raramente passa um avião.

É, as coisas mudaram. Passado apenas um ano, se compararmos o antes e o depois, vemos grandes mudanças, algumas poderão retornar ao seu estado anterior, algumas voltarão com modificações, algumas  perderam o sentido de permanecerem iguais e outras simplesmente desaparecerão. Neste momento, ainda não sabemos “o que” será “como”, nem ao menos o que sobreviverá. A única certeza que temos é que não será igual.

Quando fomos informados sobre a Pandemia, foi como se o mundo tivesse desabado sobre a nossa cabeça. A força com que se instalou e as drásticas mudanças que ocasionava, lembravam cenas do fim do mundo. Qualquer pessoa um pouco mais espiritualizada,  ligava os fatos a um apocalípse.

Agora, passado um ano, embora ainda existam controvérsias sobre o comportamento deste virus, já aprendemos um pouco sobre ele, e o fato de ainda estarmos vivos nos dá uma ponta de certeza de que se formos saudáveis e cuidadosos temos uma grande chance de sobreviver. Manter uma boa saúde, ânimo e cautela é indispensável.  O confinamento, apesar de ter seu lado destrutivo, não resolve o problema mas evita a multiplicação em massa até chegar a imunidade.

Um sentimento que me assustou desde o início, mesmo quando tudo ainda cheirava a catástrofe, era o de que apesar das consequências eu não quero que o mundo volte a ser igual. O sistema materialista e consumista não me convence, as pessoas estão muito perdidas em inutilidades e a natureza relegada a último plano. Eu não vejo sentido nisso e não consigo enxergar um final feliz para a humanidade, mesmo com toda a admiração pela vida moderna.

Está se confirmando que a humanidade não está no melhor caminho. Se faz necessário uma mudança e somente um acontecimento como este tem força para parar o mundo e impor transformações.

No início da Pandemia enxergava a oportunidade de mudar alguns aspectos da minha vida. Agora, essa mudança não é mais uma escolha, é uma imposição. Todos teremos que mudar e nos adaptar ao “novo mundo”. Quem não aceitar e não se enquadrar nesse novo modelo, com certeza não achará mais seu lugar neste mundo.  

Não ter ideia de como tudo estará no futuro, é assustador. Ao longo dos últimos tempos fomos educados, formados e acostumados a planejar e cuidar da nossa segurança futura. Cultivávamos a ilusão de que tendo imóveis, dinheiro e plano de saúde, nada abalaria nossa estabilidade. Não é bem assim. Hoje nossa maior preocupação é manter a vida e os bens materiais não nos protegem nesse aspecto. 

O grande prêmio é estar vivo e isso depende de sabermos viver em harmonia com a natureza e entender suas propostas. Não podemos mais continuar terceirizando a responsabilidade da nossa existência. Se não sairmos da nossa zona de conforto e cuidarmos daquilo que precisamos para sobreviver, morreremos e apodreceremos juntamente com todos os nossos bens materiais.

Se não fecharmos nossos olhos para todo o movimento ilusório que o mundo atual nos oferece e voltarmos nossa atenção para as leis mais simples da natureza, jamais seremos felizes.

Essas leis nos falam sobre o plantar e colher para nos alimentarmos, sobre o dia, a noite e as estações do ano para dividirem nossos períodos, sobre a beleza da natureza para enfeitar nossos dias e encantar nossa alma, sobre a alegria da convivência pacífica entre os humanos, sobre viver somente com o necessário, que vai bem aquém do que almejamos nos dias atuais.

E quanto a suprir as necessidades, fomos dotados de muita inteligência, talento e criatividade para resolvermos todos os problemas que possamos ter.                                                                          

Mylene Prado

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