A Pergunta Que Não Quer Calar: Como Está o Nosso Sono?
A cada paciente que chega no consultório psicológico, fazemos algumas perguntas básicas para entender melhor aquela pessoa, sua história de vida, o que a incomoda, bem como sua rotina. Nisto, busco perceber como ela tem conciliado o trabalho com as outras demandas da vida, sua alimentação, atividade física e, dentre outros pontos, tento compreender como vai o sono.
O sono é dos processos mais importantes do nosso organismo. É graças a ele que somos capazes, não apenas de descansar nosso corpo e mente, mas também de regular emoções, reter memórias, consolidar aquilo que aprendemos e estarmos prontos e atentos para mais um dia de vida, dentre outros vários quesitos.
Mesmo sabendo da sua relevância para uma vida saudável, percebo o tanto que temos negligenciado o cuidado com dormir bem. Até pouco tempo, era frequente que eu realizasse trabalhos de psicoeducação nas consultas psicológicas em torno da importância da boa alimentação e da atividade física. Agora esse ponto não me parece mais tão necessário de ser revisto como antes, mas quando pergunto sobre sono,
as respostas mais comuns têm convergido para o fato de que isto não vai nada bem.
Os motivos são vários: excesso de trabalho, muito tempo em ecrãs, sobrecarga nas lidas domésticas, etc. Percebo também que mantemos estes hábitos com a confiança de que um dia vamos voltar a dormir bem. Contudo, a triste notícia é que hábitos e rotina são muito mais poderosos do que imaginamos e, quanto mais fazemos, mais ensinamos ao nosso corpo que aquilo é o melhor a se fazer e mudar depois é bem mais difícil.
Por outro lado, a boa notícia é que, em muitos casos, podemos dormir melhor com algumas mudanças simples. Primeiro, entender que precisamos sim de pelo menos 7-8h de sono por noite. Depois, tentar dormir e acordar sempre no mesmo horário. Cuidar para que a temperatura e a roupa estejam confortáveis. Evitar ecrãs, comidas pesadas, álcool e outras drogas antes de deitar-se. Praticar atividades físicas com regularidade. Limitar cochilos a 1h e e reduzir períodos em posição deitada durante o dia.
Ou seja, trata-se de, fundamentalmente, entender que a dormida é dos momentos mais importantes do nosso dia e merece ser tratado como tal.
Thabata Telles
Psicóloga