Como Ser Mais Feliz no Presente?
Um estudo muito interessante de 2010 “A Wandering Mind Is an Unhappy Mind” (“uma mente que vagueia é uma mente infeliz”), publicado na revista Science, revela que muitos dos nossos pensamentos não estão relacionados com as nossas tarefas do presente. E nesse mesmo estudo, quando os participantes pensaram o que não está a acontecer quase com a mesma frequência com o que está a acontecer, revelaram-se mais infelizes. Imagine que está a ler este texto e ao mesmo tempo perde-se nas palavras porque vem-lhe à mente um cenário maravilhoso na praia ou um momento de grande alegria com a sua família. Ou mesmo quando está a realizar uma tarefa de forma automática (como conduzir) começa a projetar os mais variados e possíveis cenários positivos ou negativos sobre o futuro ou recordações alegres ou desagradáveis. Todos nós acabamos por nos envolver nos nossos pensamentos e, nisso, não há problema. No entanto, como revela o referido estudo, quando, pelo menos, quase metade dos nossos dias são mentalmente a vaguear, e menos no presente, isso pode criar níveis maiores de infelicidade.
Deixo-lhe, este mês, algumas estratégias para treinar a sua mente a viver mais no presente:
- Aprecie caminhadas no meio da natureza com o telemóvel desligado;
- Encontre alguns períodos específicos do dia para se focar na respiração, como por exemplo a conduzir ou numa fila do supermercado;
- Enquanto degusta uma boa refeição, evite manusear o telemóvel ou ver TV. Concentre-se na experiência do “aqui e do agora” saboreando os alimentos e contemplando a atmosfera em seu redor;
- Quando estiver a conversar com um amigo, enquanto bebe um refresco, deixe o telemóvel em silêncio no bolso. Interesse-se genuinamente pela conversa, sendo ativo, fazendo perguntas ou completando raciocínios. Repare nas expressões faciais e nos gestos do amigo e, se porventura a sua mente vaguear, perceba para onde ela foi e force-a a voltar ao presente, ao “aqui e ao agora”;
- Compreenda os momentos do dia em que está mais em piloto automático e faz as coisas sem pensar. Vá escrevendo um diário das referidas situações com o desafio de se conectar conscientemente mais ao presente através dos sentidos. Por exemplo, enquanto eu conduzo, aprecio as sensações, as minhas mãos em contacto com o volante, enquanto vejo à minha volta com curiosidade os diferentes estímulos (os diferentes modelos de carros, as paisagens, etc.);
Lembre-se: você não é os seus pensamentos e nem tem de dar importância a todos os que lhe surgirem no seu espaço mental.
Luís Lameira
Psicólogo Clínico
Ordem dos Psicólogos Portugueses
Cédula Profissional Nº 14583