Você Não Precisa de Ir Até o Fim em Tudo o que Começa

Você Não Precisa de Ir Até o Fim em Tudo o que Começa

Provavelmente você já escutou muito essa frase – termine tudo o que você começar – parece uma máxima no mundo adulto, para não procrastinar, não desistir e ser alguém constante. Todavia, apesar de ser um ótimo raciocínio, essa receita sem uma circunstância que verdadeiramente valha a pena, pode ser na verdade, uma grande armadilha. No consultório eu diariamente escuto essa mesma queixa: “eu não consigo terminar nada que eu começo” ou “eu deixo todos os meus projetos pela metade”. A verdade é que de fato, temos que sondar dentro do nosso coração e das nossas intenções, o quanto estamos sendo pessoas que agem por impulso, ou que só fazem as coisas na empolgação, ou até mesmo, se fugimos das coisas que se tornam mais difíceis ou desafiadoras. São estes os movimentos aos quais temos que dar atenção, porque correspondem à falta de maturidade, e podem sim, ser os responsáveis por ter na sua história, vários capítulos pela metade.

Por outro lado, usar está máxima como uma receita infalível, pode ser um engano. É preciso avaliar bem onde ela é empregada, pois nem todos os seus projetos, empreendimentos ou planos, devem ser terminados – só por terminar. Vamos pensar no seguinte exemplo: te recomendaram um livro, você começou a ler e não se identificou, ou não teve qualquer afinidade com o conteúdo do livro, e então decidiu parar de ler. Não há culpa em deixar um livro pela metade, a não ser que você deixou de ler por preguiça, ou porque acha difícil ler. Ao contrário, ler este livro até o fim, só faria sentido, apenas, para alcançar um objetivo maior, ao qual sua finalidade transcendesse ao livro, como uma prova, uma aula, uma atividade no trabalho, ou até mesmo, ler até o final, para ter uma visão de toda a obra. Ler este livro todo, sem qualquer finalidade, ou sentido, apenas por obrigação em terminar o que começou, pode ser uma perca de tempo.

Sendo assim, a questão principal é – qual critério que você usa para desistir de algo ou o que te faz ir até o fim? A grande maioria das pessoas, em que a motivação é afetiva – fazem apenas aquilo que convém, e apenas para obtenção de validação ou aprovação – se algo exige mais esforço, logo abandonam aquilo que começou. Isto acontece, porque suas ações ainda são baseadas em sentimentos, e sentimentos mudam, não são constantes ou estáveis.

O que precisa ser levado em consideração é o próprio projeto ao qual estamos nos empenhando, é preciso perceber se ele está dando certo, se ele é útil, se ele faz diferença, ou tem um efeito bom. É preciso avaliar objetivamente, para que saibamos exatamente os motivos e critérios pelo qual terminamos algo que começamos. Certa vez, uma paciente me procurou por conta de uma crise no seu relacionamento, prestes a se casar, um longo namoro de 10 anos, já desgastado. Porém, para ela, romper com o noivo, não estava em questão, devido ao tempo que estavam juntos, por já terem marcado a data do casamento. Perceba bem, tem certos planos na vida, que não podemos ser orgulhosos em levar a cabo aquilo que já não tem razão de ser. Certos projetos acabam antes do que esperávamos que ele poderia chegar, é preciso estar atento, pois esta atitude, de prolongar algo que já acabou, pode gerar um maleficio para a sua vida. Muitas vezes, o mais verdadeiro e sensato consigo mesmo, é abortar a missão, e então recalculá-la para um novo destino mais viável e positivo, mesmo que para isso, tenha que abrir mão do seu antigo roteiro. 

Permanecer usando esta receita de forma indiscriminada, sem conseguir fazer uma análise crítica de cada fato em questão, tornará você cada vez mais fraco e perdido, e fará repetir este comportamento com aquilo que de fato é importante. Como certos compromissos ou promessas de vida.

Luiza Orlandi
Psicóloga Clínica
@luizaorlandi.psi

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