8 de Março: Uma Data a Ser Lembrada?
Todos os anos, o dia 8 de março parece contar com comportamentos esperados: há quem dá parabéns, quem dá flores, quem elogia, quem questiona, quem argumenta, etc. Mesmo para quem fica em silêncio, não há como não pensar na data, pois somos bombardeadas por informações e por vezes até cobradas a falar algo sobre o tema.
Não usarei muitas linhas deste texto para tratar da origem da data (alguns minutos no Google fazem isto melhor do que eu), mas lembro que sua razão inicial se volta a um dia internacional pelos direitos das mulheres. Curiosamente, alguns países ainda mantém o nome completo (como a França), mas muitos preferiram cortar para “dia da mulher”. E daí a data vira prato cheio para o comércio, como dia do pai, da mãe, dos namorados etc.
No entanto, quando tratamos do dia do pai, da mãe ou dos namorados, não vemos tanto apelo para a valorização destas figuras como acontece no dia da mulher. E isto não é a toa, pois a data está marcada em sua origem por uma luta por direitos e que – feliz e infelizmente – ainda não foi esquecida. Infelizmente porque, se precisamos lutar por diretos, é justamente porque eles ainda não foram concedidos. E felizmente, porque há quem ainda se lembre de que precisamos lutar por eles.
E lutamos por quais direitos? Com uma lista grande e um espaço limitado de escrita, me resta sintetizar em uma luta por poder existir sendo mulher – ou seja, que esta característica esteja presente, mas não seja a principal definidora das nossas ações. Que possamos pensar mais em fazer as coisas como uma pessoa qualquer faria do que como uma mulher faria. A roupa que escolhemos, os lugares que frequentamos, o tom de voz, as escolhas individuais… Que sejamos respeitadas como qualquer pessoa seria. Talvez assim haja o dia em que esta data seja esquecida, justamente porque não será mais necessário que ela seja lembrada.
Thabata Telles
Psicóloga
