Sua Motivação não é Responsabilidade de Ninguém

Sua Motivação não é Responsabilidade de Ninguém

Em minhas experiências como gestora de recursos humanos, já pude colocar em prática várias ações de endomarketing com o intuito de motivar e gerar vínculo emocional dos funcionários para com a empresa. A ideia era animar o profissional a se sentir parte da engrenagem e não apenas um número, gerando assim mais comprometimento com os resultados.

E assim muitas empresas seguem em suas ações internas, na tentativa de elevar a auto estima do colaborador, transformando a empresa em um ambiente agradável, de pessoas felizes. Algumas (e eu conheço muitas que se esforçam a sério) são cheias de boas intenções, se dedicam ao investir em benefícios, treinamentos, entretenimento, entre outros.

Porém, quero trazer uma reflexão nesse texto: O que verdadeiramente te motiva?

Pergunto isso porque em muitos anos de dedicação ao departamento de Gestão de Pessoas, via funcionários se motivarem com muito pouco, enquanto outros pareciam não se agradar com nada.

Mas para entrar mais nesse assunto, vamos explorar um pouco mais sobre o papel da empresa no quesito motivação.

Obviamente que a instituição antes de investir em ações mirabolantes para agradar seus funcionários, precisa oferecer o básico. Para isso, cada RH geralmente propõe ações baseadas na pirâmide de necessidades, aquela bem conhecida no mundo corporativo. Sabem qual é?

Essa é a Pirâmide de Maslow, que deve guiar a gestão de benefícios das empresas, no que diz respeito a prioridades:

Ao visualizar essa pirâmide, fica muito claro que uma empresa primeiramente deve se preocupar com o que é primordial (de baixo para cima). E como podemos associar as necessidades Fisiológicas com as responsabilidades do empregador?

  • Salário justo e pontual;
  • Condições de trabalho adequada para o corpo e mente;
  • Intervalos e folgas para descanso suficientemente satisfatórios.

Agora vamos associar as necessidades de Segurança, trazendo para a realidade corporativa:

  • Estabilidade contratual: Não se trata de vínculo vitalício, mas de um mínimo de compromisso formal onde o funcionário consiga se planejar ao menos a curto prazo para realizações pessoais.
  • Condições para cuidados com a saúde pessoal e de familiares: Seja oferecendo seguro médico e/ou permitindo descanso/falta remuneradas para tratar de assuntos de saúde
  • Resguardo Moral: Garantia de um relacionamento ético e respeitador entre empresa e empregador.

Segundo Maslow (psicólogo criador da teoria da pirâmide), um indivíduo só sente o desejo de satisfazer a necessidade de um próximo estágio se a do nível anterior estiver sanada, portanto de nada adianta esforços para motivar o funcionário fazendo festas, oferecendo brindes, yoga, salão de jogos, treinamentos e etc, se o básico não estiver em dia.

Eu tenho uma opinião de que tudo o que uma empresa faz a partir do terceiro pilar (Social, Estima e Auto Realização) precisa ser visto como plus. Por isso, se uma empresa recompensa o teu trabalho, te suprindo nas necessidades básicas (fisiológicas e de segurança), o que ela fizer além precisa ser reconhecido sim como algo bom e motivador.

É agora que entro no questionamento que fiz logo acima: O que verdadeiramente te motiva?

A questão é que muitas pessoas jogam a responsabilidade pela sua motivação e bem estar no outro, seja esse outro uma pessoa ou uma empresa.

Daí o indivíduo não faz nada por si mesmo, não estuda, não cuida do corpo, não se socializa, não busca uma atividade saudável para entretenimento, não trabalha sua espiritualidade, mas espera que a instituição em que ele está empregado faça todo o trabalho de o manter motivado.

Esquece, isso não vai acontecer. Repito o que disse logo acima, quando relatei que já vi pessoas extremamente motivadas por receber o básico, e pessoas mega insatisfeitas com a mesma porção. Cansei de dedicar horas planejando eventos, celebrações e até mesmo produzindo treinamentos, pensando em benefícios para satisfazer o quadro de colaboradores, e a mesma ação despertar bem estar apenas em um grupo.

Isso porque muitas pessoas estão desmotivadas com a própria vida e isso acaba refletindo em qualquer ambiente em que ela esteja.

Há também pessoas que fazem de sua profissão a sua definição de vida. Isso se percebe facilmente quando perguntamos “Quem é você?”, a maioria responde: Sou advogada, sou gerente, sou psicóloga, sou mecânico.

Se você é o seu trabalho, isso significa que se você estiver insatisfeito profissionalmente, a sua vida desmoronará. Nesse caso sinto lhe dizer que não há ação motivacional nenhuma que vá te animar.

Motivação é de dentro para fora. O que uma empresa faz é despertar no indivíduo algo que ele já esteja predisposto a sentir.

Por isso, meu conselho para você que lê esse texto é: Trabalhe a sua automotivação.

Reveja seu estilo de vida, faça planos, se organize, invista em você, cuide do seu corpo, da sua saúde, encontre com pessoas que te façam rir. Invista no seu bem estar, assim quando algo de fora chegar para contribuir com seu contentamento, você estará receptivo e motivado para aproveitar a oportunidade.

Karol Barreto
Especialista em Gestão de Pessoas

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