Brasil, Terra de História, Sabores e Temperos

Brasil, Terra de História, Sabores e Temperos

Continuando nossa viagem pela culinária brasileira e sua história, se faz necessário que eu escreva um pouquinho mais sobre o aromático, colorido e saboroso Estado de Minas Gerais, antes que possamos nos permitir explorar outras regiões igualmente ricas.

Para tal, o prato escolhido de hoje é o Feijão Tropeiro.

A culinária mineira, assim como todas as outras, está fortemente ligada à história de sua região. Existe uma relação muito próxima entre o Feijão Tropeiro e a descoberta/mineração de ouro e diamantes, pelos portugueses, nas terras do Brasil – Colônia (século XVII) onde hoje está o Estado de Minas Gerais.

A metrópole portuguesa incentivou a imigração de exploradores para a região. Lá chegaram pessoas “famintas” pela conquista do ouro! Existem registros que afirmam que muitos imigrantes morriam de fome, mas com as mãos cheias de ouro.

Portugal, temendo que outras economias pudessem concorrer com a corrida do ouro, proibiu qualquer outro tipo de prática econômica, entre elas, a de alimentos. Criou-se assim um problema: como abastecer as regiões das minas, de alimentos, sem incentivar uma economia paralela à mineração?

Em virtude da escassez de alimentos, as cozinheiras tinham que usar pouco sal (ingrediente caríssimo naquela época) e criar pratos feitos à base de componentes como feijão preto, milho, mandioca, frutas, raízes e folhas de todos os tipos. Foi neste contexto que o Feijão Tropeiro entrou no cenário histórico e a cozinha mineira se fez da simplicidade, sem grandes requintes e com muita criatividade.

Os alimentos que eram produzidos nas regiões que hoje correspondem ao sul do Brasil, bem como na Província de São Paulo, passaram a ser transportados até Minas Gerais para abastecer a população. O transporte destes alimentos era feito por tropeiros (condutores de tropa ou comitivas) em lombos de burros e mulas. As viagens eram longas e cansativas. Os tropeiros precisavam se alimentar de forma prática e rápida. E assim, surgiu o feijão tropeiro, que nada mais era do que, feijão misturado com farinha de mandioca, torresmo, linguiça, ovos, cebola e temperos.

Outras iguarias bem características do Estado de Minas Gerais na categoria de pratos salgados, temos: o tutu mineiro com lombo de porco, a canjiquinha com costelinha de porco, frango ao molho pardo, leitão à pururuca, angu, bambá de couve, vaca atolada, ora-pro-nobis. Na categoria dos doces, posso citar, entre outros: doce de leite, doce de abóbora, ambrosia, goiabada cascão, pé de moleque, pé de moça, compotas diversas, doce de mamão entre outros.

Mas vamos a ele, o prato do dia! Feijão tropeiro.

Antes de começar, deixe o feijão de molho em uma vasilha com água por cerca de 3 horas, passado este tempo, retire a água e coloque o feijão numa panela de pressão cobrindo-o com água e acrescentando folhas de louro, tampe a panela e deixe pegar pressão, conte 20 minutinhos e o feijão estará cozido. Uma dica, o ponto do feijão é ao dente!

Em uma frigideira refogue o bacon com a linguiça e reserve, em uma panela com água fervente coloque os ovos e espere cozinhar, reserve. Para finalizar, usaremos novamente a frigideira para dourar o alho, a cebola, adicione o bacon e a calabresa refogada, o feijão previamente cozido, os ovos cortados em rodelas e o sal, adicione uma pitada de pimenta preta moída na hora, refogue tudo por mais 2 minutos e finalize acrescentando aos poucos a farinha de mandioca para unir todos os ingredientes e termine com ervas frescas, tais como, cebolinha e salsinha, seja bem generoso.

Para incrementar este magnífico prato podemos acrescentar carne de porco desfiada.

Como acompanhamentos temos arroz branco, couve e torresmo.

Um prato simples, repleto de sabor e história!

Bom apetite!

Chef Muzetti
Lá & Cá Artes e Delícias – Guimarães – PT

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