O Desempenho Histórico e as Chances de Brasil e Portugal nos Jogos Olímpicos de Tóquio

O Desempenho Histórico e as Chances de Brasil e Portugal nos Jogos Olímpicos de Tóquio

Faltando menos de 30 dias para o início da XXXII edição dos Jogos Olímpicos de Verão da Era Moderna, na publicação deste mês vamos dar uma breve pincelada na trajetória de Brasil e Portugal na história dos Jogos e tentar projetar as chances de medalhas de cada país nas competições que se iniciam no próximo dia 21 de Julho, no Japão.

Brasil e Portugal na história dos Jogos Olímpicos

O Brasil participou de 19 edições das 32 já realizadas. Conquistou 130 medalhas, sendo 30 de ouro, 37 de prata e 63 de bronze. O melhor desempenho brasileiro foi na única edição em que sediou, no Rio 2016, com sete medalhas de ouro, seis de prata e seis de bronze, ficando na 13ª posição no quadro de medalhas.

O Judô é a modalidade que mais deu medalhas ao Brasil. Foram 22 conquistas, com quatro de ouro, três de prata e 15 de bronze. Entretanto, a Vela foi a que mais vezes atingiu o lugar mais alto do pódio. Nesta modalidade, foram sete ouros. O voleibol e o atletismo ocupam a segunda colocação com cinco medalhas douradas cada.

Os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael são os maiores medalhistas olímpicos brasileiros com cinco medalhas cada, com leve vantagem para Scheidt, que tem duas de ouro, duas de prata e uma de bronze contra duas de ouro, uma de prata e duas de bronze do companheiro. Aos 46 anos, Scheidt estará em Tóquio e recentemente revelou que vai dar trabalho.

Já Portugal participou de 24 das 32 edições dos Jogos Olímpicos e conquistou 24 medalhas. A grande maioria, 10 delas, no Atletismo, que foi o grande responsável pelos únicos quatro ouros arrematados pelo país na história das Olimpíadas.

O quarteto dourado do atletismo é formado por Carlos Lopes (Maratona – Los Angeles 1984), Rosa Mota (Maratona – Seul 1988) – a primeira mulher portuguesa medalhada – Fernanda Ribeiro (10.000m – Atlanta 1996) e Nélson Évora (salto triplo – Pequim 2008).

As 24 medalhas portuguesas na história das Olimpíadas estão assim divididas:

Atletismo (04 ouro – 02 prata – 04 bronze); Vela (02 prata – 02 bronze); Tiro, Canoagem, Triatlo e Ciclismo (01 prata cada); Hipismo (03 bronze); Esgrima (01 bronze) e Judô (02 bronze).

Os favoritos brasileiros

Em Tóquio teremos 33 desportos e 46 modalidades. Isso porque há alguns desportos subdivididos em duas ou mais variações como o Voleibol (de quadra e praia), Ginástica (artística e rítmica), Basquetebol (5×5 e 3×3), Natação (várias distâncias), entre outros. Beisebol, karatê, escalada, skate e surfe fazem a sua estreia em Jogos Olímpicos. A partir do dia 21 de Julho estima-se que quase 12 mil atletas de mais de 200 países buscarão as tão sonhadas medalhas olímpicas.  

Até o fechamento deste texto, segundo o Comitê Olímpico Brasileiro, o Brasil tinha 272 atletas já confirmados em Tóquio. Este número pode e deve aumentar, pois ainda há modalidades em que os atletas estão em busca do índice olímpico. Nos Jogos do Rio, a delegação brasileira teve 462 atletas inscritos, mas o número foi inflado pelo fato do Brasil ser o país-sede. Tirando o Rio 2016, o recorde “fora de casa” foi em Pequim 2008, quando o Brasil compareceu com 277 atletas.

Nem sempre os favoritos vencem! Ainda mais numa competição como a Olimpíada, curta, onde todos os aspectos têm que conspirar favoravelmente para a conquista do ouro. Uma largada mal dada, uma distração, uma queda, uma desconcentração, um desequilíbrio psicológico podem colocar quatro anos a perder.

Para se ter ideia da dificuldade em acertar previamente os medalhistas de ouro, a Revista Sports Illustrated, que faz o preview mais conhecido e tradicional do mundo, em 2016 acertou apenas 132 campeões, ou seja, 43%. E esta edição dos Jogos ainda conta com o ingrediente da pandemia, que pode interferir no critério técnico em função das restrições de treino, presença de público, entre outros aspectos.

Portanto, obviamente que teremos fortíssimos candidatos que não confirmarão seu favoritismo e outros menos cotados que surpreenderão. Entretanto, considerando o momento atual, o histórico recente e a tradição dentro da modalidade, me arrisco a elencar os seguintes atletas brasileiros que devem brigar pelo Ouro:

  • Gabriel Medina e Ítalo Ferreira – Surfe
  • Pâmela Rosa e Rayssa Leal – Skate
  • Beatriz Ferreira – Boxe
  • Isaquias Queiroz e Erlon Souza – Canoagem
  • Martine Grael/Kahena Kunze – Vela
  • Ághata e Duda – Volei de Praia

Não podemos esquecer alguns desportos coletivos onde o Brasil tem tradição como o futebol masculino, onde o país sempre chega para brigar por medalhas e é o atual campeão. O voleibol masculino e o feminino se encontram na mesma situação.

As esperanças portuguesas

Por enquanto, Portugal tem 82 atletas classificados em 16 modalidades. É um país pequenino e com baixa tradição nos Jogos Olímpicos. Los Angeles 1984 e Atenas 2004 viram o melhor desempenho português de sempre, com apenas três medalhas conquistadas em cada uma destas edições. Portanto, como podem ver, a conquista de uma medalha, independentemente da cor, é sempre motivo de muito orgulho e muita festa para o País. A de outro então, nem se fala. O atleta vira ídolo nacional com honrarias.

Este cenário nos deixa em grande dificuldade para apontar favoritos. Se tivesse que escolher um para apostar minhas fichas seria no canoísta Fernando Pimenta. O atleta lidera a geração de ouro da canoagem portuguesa junto com Emanuel Silva, com quem conquistou a medalha de prata no K2 1000m em Londres 2012, a primeira da história da canoagem lusa em Jogos Olímpicos.

Em Tóquio, Fernando Pimenta vai participar da prova de K1 1000m e tentar melhorar o 5º lugar do Rio 2016. O atleta de Viana do Castelo soma 104 medalhas em competições internacionais, contabilizando já a prata no K1 1000m. O favoritismo às medalhas se justifica, já que no atual ciclo Olímpico o canoísta português nunca ficou fora do pódio em provas K1 1000m.

Embora seja muito difícil surpreender, o Andebol português goza de muito otimismo. Alcançou a inédita classificação para Tóquio2020 ao derrotar a vice-campeã olímpica França, por 29 a 28, na derradeira jornada do torneio de qualificação europeia, em Montpellier, com um gol nos últimos segundos do jogo. E é isso! Mais fica difícil de apontar!

Impacto da pandemia nos Jogos Olímpicos de Tóquio

Importante lembrar que a Olimpíada de Tóquio era para ter acontecido em julho e agosto de 2020, mas foi adiada em função da pandemia de Covid-19.

No último dia 21 de Junho, o Comitê Olímpico Internacional (COI), conjuntamente com organizadores e governo japonês, anunciou algumas medidas de segurança. Citamos algumas:

  • Ficou estabelecido que os cerca de 12 mil atletas aguardados para os Jogos devem fazer testes diariamente;
  • Foi anunciada também a limitação de 50% de público ou até 10 mil pessoas por evento;
  • Estrangeiros não poderão assistir aos jogos. Somente residentes poderão comparecer;
  • O uso de máscara é obrigatório em todos os momentos;
  • Falar em voz alta ou gritar será proibido;
  • Os visitantes devem deixar os locais de competição de forma escalonada.

Pelo que parece, a Olimpíada será muito restritiva, menos colorida e alegre do que costuma ser, como aliás tem sido a nossa rotina nos últimos tempos, mas as esperanças de que tudo vai dar certo e de que Brasil e Portugal podem sorrir neste Jogos, seguem firmes e fortes!

Luciano Gasparini Morais
Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos/RS (Brasil)
Pós-Graduado em Gestão Desportiva na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (Portugal)
Vice-Presidente de Comunicação do Sporting Clube de Arcozelo (Portugal)
Ex-árbitro da Federação Gaúcha de Futsal (Brasil)

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