Aveiro, a Veneza Portuguesa

Aveiro, a Veneza Portuguesa

“Quando viajo”

Marianela Costa Figueiredo

Viajar, divagar, arrepiar, passar a limpo…
Refletir, sacudir memórias do Olimpo!
Viajar, admirar, vislumbrar…
Viver, absorver, conviver em orações…
Ricas, radicais, recorrentes recordações!

Marianela

Aveiro lembra Veneza, com a diferença de que esta é composta de mais de trinta ilhas ligadas por canais e pontes. Em Aveiro, a semelhança está no canal de Ria e no moliceiro.
Aveiro, cidade do coração onde tenho família, é a terceira cidade da região Centro, a seguir a Coimbra e Viseu, a sul do Porto. O município tem uma faixa relativamente estreita de litoral no Oceano Atlântico, a oeste, através da freguesia de São Jacinto. Em 1759, D. José I elevou Aveiro a cidade, dando o nome de Nova Bragança em vez de Aveiro. Com a queda do poder do Marquês de Pombal, após D. Maria I se tornar rainha em 1777, logo esta mandou voltar a cidade à sua anterior designação. O turismo explora suas rias que cortam a pequena cidade e são percorridas pelos moliceiros, um pouco maiores que as gôndolas de Veneza. Hoje é um importante centro portuário, ferroviário, universitário e turístico. https://pt.wikipedia.org/wiki/Aveiro.

Nos passeios turísticos, o moliceiro, um timoneiro fica no comando e o outro é guia que explica a história da cidade e o funcionamento dos canais. O moliceiro passa em frente a antigos armazéns de sal, hoje desativados. O trajeto dura cerca de 1h, passando pelos 3 canais e indo em direção à antiga Fábrica de Porcelana Jerônimo Pereira Campos. A fábrica foi fundada em 1896 e perdurou por quase 70 anos, quando a sede da empresa foi transferida para outro local. Hoje o prédio é símbolo da cidade e abriga a Câmara Municipal de Aveiro.

Como a grande maioria das grandes e pequenas cidades portuguesas, elas guardam memórias e segredos. Contêm histórias que umedecem nossos olhares, gerando elos de ternura e admiração por um passado tão distante e tão próximo.

O Mosteiro de Jesus (1465-1874), atual Museu de Aveiro, localiza-se na freguesia da Glória, concelho Aveiro, Portugal. O edifício está classificado como Monumento Nacional, desde 1910. https://pt.wikipedia.org/wiki/Mosteiro_de_Jesus#/media/File:Mosteiro_de_Jesus_-_museu_de_Aveiro. Este monumento tem uma história curiosa: em 1572 ingressou neste mosteiro a filha de D. Afonso V, Joana, Princesa de Portugal (Santa Joana Princesa), que aqui faleceu em 1490, após uma vida de modesta monja, embora nunca lhe tenha sido autorizada a realização dos votos solenes por ser uma possível sucessora real (foi beatificada em 1693). Foi um mosteiro da Ordem Dominicana feminina e é hoje um importante museu, detentor de um acervo diversificado com particular enfoque na arte de temática sacra.

Em finais do século XVI, princípios do século XVII, a instabilidade da vital comunicação entre a Ria e o mar levou ao fechamento do canal, impedindo a utilização do porto, tendo criado condições de insalubridade, provocadas pela estagnação das águas. Isso provocou emigração para outros locais, criando póvoas piscatórias ao longo da costa portuguesa. Foi, no entanto, nesta fase de recessão que se construiu, em plena dominação filipina, um dos mais notáveis templos aveirenses: a igreja da Misericórdia.

O edifício foi alvo de obras de restauro e beneficiação ao longo dos séculos subsequentes, em particular nos reinados de D. Pedro II e D. João V, quando foram adicionados importantes conjuntos barrocos. Com a extinção das ordens religiosas em Portugal (1834), os conventos femininos foram autorizados a permanecer, até ao falecimento da sua última monja, o que aqui ocorreu em 1874. A igreja e todo o seu património artístico foram então entregues à Real Irmandade de Santa Joana Princesa e as dependências colocadas a cargo de religiosas dominicanas, que aí abriram o Colégio de Santa Joana (encerrado em 1910 após a implantação da república.

Importante centro cultural, sua universidade oferece formação de alto nível, inclusive na área de educação.(www.ua.pt) Criada em 1973, rapidamente se transformou numa das mais dinâmicas e inovadoras universidades do país. Está entre as 500 melhores universidades do mundo, situando-se no 83º lugar, com participação no maior projeto europeu de qualidade do ar orientado para os cidadãos.

Para além da Região e da Universidade de Aveiro, participam ainda no projeto CLAiR-City, que tem duração de quatro anos, outras instituições de ensino superior e investigação, ou municípios e cidades, como as de Bristol (UK), Amsterdão (NL), Liubliana (SI), Sosnowiec (PL), ou agrupamentos de municípios como o da Região da Ligúria (IT). Milhares de pessoas na Europa serão convidadas a compartilhar as suas opiniões sobre como reduzir a poluição do ar e melhorar a saúde pública relacionado em seis cidades-piloto. http://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?lg=pt&c=46508.

Destacamos, na Praia da Costa Nova: praia de areia muito fina e normalmente ventosa. O mar é bastante mexido ( ou bravo como se diz no Brasil), o que é habitual nas praias do norte do país. Boas condições para a prática do surf e do windsurfe. Na zona que se estende a sul do parque de campismo da Costa Nova (a sul da povoação), ao longo de mais de um quilómetro, pratica-se o naturismo.

Da Praia da Costa Nova, contemplam-se as casas de cores fortes, pintadas em riscas (listras), predominantemente verticais, que tornam a avenida principal bastante colorida. A visão da rua principal é de uma linda paleta de cor, toda listrada, em tons de azul, vermelho, amarelo e verde, contrastando com o fundo branco. Aliás, foi essa uma das razões que os pescadores começaram a pintar de listras suas casas, para sobressair à distância e criar um contraste com a areia. inspiracao-de-viagem-um-vilarejo-cheio-de-casas-listradas.

Essas casas são chamadas de “palheiros da Costa Nova”. As primeiras casas típicas desta praia foram construídas por pescadores e serviam para guardar o material de pesca e tinham apenas uma divisão e um só andar. Mais tarde, os palheiros adquiriram então a função de alojamento, e começaram a surgir algumas divisões internas para melhor conforto.

Assim, os palheiros eram construídos integralmente em madeira, desde as estacas até às próprias chaminés e eram cobertos por tabuado. Muitos palheiros foram, nesta época, levantados e mudados de local. O tabuado exterior era disposto horizontalmente, mas, no final do século passado, foi introduzida uma variação, que refletia a vontade de ostentação social: o tabuado passou a ser disposto verticalmente, sinalizando o fato dos seus proprietários viverem mais folgados econômicamente. Com o aumento da população, as estacas foram sendo progressivamente reduzidas, passando os palheiros a serem assentados no solo. Os mais antigos e modestos palheiros eram pintados de vermelhão, e só mais tarde surgiram os palheiros com o tabuado pintado de duas cores, transmitindo uma atmosfera de alegria e cor ao vilarejo. Hoje, os palheiros restaurados, são na sua maioria, casas de veraneio. A maioria destas casas foi passada de geração em geração o que faz com que o espírito de “boa vizinhança” esteja sempre presente em Costa Nova.

A procura da Praia da Costa Nova para banhos de mar, muitas vezes é motivada pela grande concentração de iodo, benéfica para a saúde. Ao longo do século XIX, a Costa Nova transformou-se gradualmente de povoação piscatória em estância de veraneio, levando os pescadores a deslocarem-se para Sul, em fuga aos banhistas vindos da cidade. Se estiver na Costa Nova, não deixe de visitar o Mercado do Peixe. Temos que lembrar os deliciosos pratos de mariscos, “frutos do mar”. Este é um dos poucos mercados onde o marisco acabado de pescar na Ria – tal como sapateira, percebes, camarão da costa, ou búzios – é confeccionado no momento, garantindo a sua frescura e sabor. Assim, pode adquirir o marisco já cozinhado, e depois petiscá-lo enquanto descansa no Cais dos Pescadores. Finalmente, não podemos deixar de referir os “ovos moles”, conhecidos e saborosos doces regionais!

www.guiadacidade.pt/pt/poi-praia-da-costa-nova-15388.

Este texto foi uma colaboração da Professora Marianela Costa Figueiredo: Marianela Costa Figueiredo, casada com brasileiro, natural de duas pátrias – Portugal e Brasil, mãe de duas filhas, avó de um casal de netos, ex-professora e, atualmente, coordenadora de Pós Graduação do UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte – MG – Brasil).

Este texto foi uma colaboração da Professora Marianela Costa Figueiredo: Marianela Costa Figueiredo, casada com brasileiro, natural de duas pátrias – Portugal e Brasil, mãe de duas filhas, avó de um casal de netos, ex-professora e, atualmente, coordenadora de Pós Graduação do Unibh (Centro Universitário de Belo Horizonte – MG – Brasil).

Graduação em Pedagogia, Licenciatura em História, especialização em Dificuldades de Aprendizagem e Orientação Educacional. Mestrado em Tecnologia pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Atualmente é coordenadora do curso de Psicopedagogia Institucional e Clínica da Pós-Graduação do Centro Universitário de Belo Horizonte. Experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Ensino e Pesquisa, Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC), Currículo, Didáticas, Inclusão Social, Aprendizagem, Interdisciplinaridade, Formação de Professores e Psicopedagogia, com páginas no facebook. Tem pesquisas e capítulos individuais ou co-autoria, publicados em revistas e em livros nas áreas das Tecnologias da Comunicação e Informação (TIC) e Formação de Professores. 1. Formação docente: práticas, textos e contextos. Fundac, 2008. 2. Pesquisa e Prática Pedagógica. Agir sim, com reflexão. Curitiba: Editora Fael, 2010. 3. Olhares plurais sobre o meio ambiente: uma proposta interdisciplinar (organizadora e autora). São Paulo: Editora Ícone 2010. 4. Práxis Docente: o sujeito, as possibilidades e a educação. Curitiba: Editora Fael, 2011. 5. Escritos sobre educação: desafios e possibilidades para ensinar aprender com tecnologias, São Paulo: Editora Paulus, 2013. 6. Formação de Docentes Interdisciplinares. Curitiba, Paraná: Editora CRV, 2013. Publicação de vários artigos, sendo em 2014: “A prática educativa baseada em evidências: contribuições na formação de docentes interdisciplinares. Revista Interdisciplinaridade. (v.1, n5): PUC- SPaulo. revistas.pucsp.br. 2016: “A Educação global” Estado de Minas, Seção Opinião, 5/07/2016. No prelo, participação em Dicionário de Tecnologias – UFScar.

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