Futebol de Formação Voltará a Competir em 08 de Maio

Futebol de Formação Voltará a Competir em 08 de Maio

Finalmente os clubes de formação puderam retomar as atividades desportivas. De acordo com a calendarização de desconfinamento gradual, anunciada pelo governo em 11 de março de 2021, o futebol de formação, considerado como atividade desportiva de médio risco, estava programado para retornar às suas atividades presenciais, em caráter de treino, em 19 de abril, o que de facto ocorreu.

Por conta da situação pandêmica mundial provocada pela Covid-19, em 10 de março de 2020, atendendo regulamentações da Direção-Geral da Saúde (DGS), Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e associações distritais (equivalentes às federações estaduais no Brasil), todos os clubes tiveram as suas atividades encerradas, relativamente aos escalões de formação (categorias de base).

Após pouco mais de três meses, no dia 17 de junho, foi possível retomar os treinos presenciais. Entretanto, foi exigido que os clubes tivessem um rigoroso plano de contingência. O documento impunha uma série de cuidados e restrições como, por exemplo, medição de temperatura dos atletas, que tinham que chegar ao clube com uso de máscara e já equipados, pois não se podia utilizar os balneários (vestiários). Ainda tinham que levar sua própria garrafa d’água e os pais não podiam acompanhar os treinos.

Naquela ocasião os atletas apenas treinavam, não competiam. Assim foi durante setes meses. Até que em 15 de janeiro de 2021 veio mais um duro golpe. A escalada galopante de novos casos e o número alarmante de mortes em Portugal obrigou o país a mais um rigoroso lockdown. Entre tantas outras decisões sanitárias e governamentais, os clubes foram novamente obrigados a encerrar as atividades presenciais. No entanto, desta vez, para minimizar os efeitos, a grande maioria das entidades optou por treinos realizados em casa, com orientações semanais, via plataformas online.

No último dia 19 de abril, houve novamente a liberação para o retorno dos treinos. Entretanto, as associações distritais, juntamente com os clubes, tiveram que tomar uma série de medidas de higiene e segurança para minimizar ao máximo os riscos de contágios da Covid-19. De acordo com a Orientação 036 da DGS foi exigido que todos os atletas apresentem resultado negativo para SARS-CoV-2.

Temeu-se que a delicada situação financeira de muitos clubes, inviabilizasse a realização dos testes, comprometendo de vez o futebol de formação. No entanto, as associações distritais decidiram fornecer os kits aos seus filiados, que tiveram que contratar enfermeiros habilitados para a devida realização dos procedimentos. Para se ter uma ideia do volume, em apenas uma semana, a Associação de Futebol do Porto, a maior do País, que conta com mais de 35 mil atletas, distribuiu cerca de 15 mil testes.

Mas o que mais traz felicidade aos jovens atletas é a perspetiva de voltar a competir. Devido às restrições de tempo e espaço, os torneios tiveram seus prazos e formatos reduzidos. As competições para a formação estão previstas para serem retomadas dia 08 de maio, quase 15 meses depois de paralisadas, e devem se encerrar até 30 de junho.

Bom, esse é contexto do futebol. No dia 03 de maio, data que marca a última fase do desconfinamento, está previsto o retorno, em contexto de treino, para todas as modalidades desportivas.

O desporto é, sem dúvida alguma, um dos maiores elementos de integração social do mundo, especialmente o de modalidades coletivas. Muitas crianças brasileiras que chegam a Portugal são inseridas social e culturalmente através da escola, mas, também, pelo viés da prática desportiva, predominantemente pelo futebol.

O futebol é lazer, mas também proporciona saúde, bem-estar, traz qualidade de vida, disciplina, educa e socializa. Portanto, entender o desporto como fator essencial neste contexto de reinserção social em fase de transição na vida de crianças e jovens é tema bastante pertinente para as famílias que encaram o desafio de recomeçar a vida fora do país de origem.

Esperamos que este recomeço do dia 19 de abril seja mesmo um sopro de esperança, uma nova perspectiva de voltarmos para este universo considerado ideal na busca pela prática desportiva orientada e pelos aspetos positivos que ela traz.

Luciano Gasparini Morais
Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos/RS (Brasil)
Pós-Graduado em Gestão Desportiva na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (Portugal)
Vice-Presidente de Comunicação do Sporting Clube de Arcozelo (Portugal)
Ex-árbitro da Federação Gaúcha de Futsal (Brasil)

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