Alta Rotação

Desde o começo da Pandemia, nos parece que o tempo gira em outra rotação, bem mais rápida.

Uma notícia, uma situação, uma previsão, que temos como realidade hoje, dentro de dois ou três dias estão superadas, são notícias do passado.

É como se o mundo estivesse em mutação, em transição, e nós apenas expectadores dessa movimentação, esperando o término da “arrumação” ou “acomodação” do que restou, para decidirmos qual o melhor caminho a seguir, isto contando que sobrarão opções.

O mundo vinha muito agitado, com dias corridos e horas a menos para se viver, tínhamos a impressão que a roda dos nossos compromissos girava numa velocidade muito acima da nossa capacidade de completar ações.

Mas a correria era nossa, dentro da nossa rotina, dentro da nossa família, emprego e compromissos. Agora estamos estáticos vendo tudo acontecer, tudo mudar rapidamente à nossa volta. Antes da pandemia, quem agia era cada um de nós, agora, os acontecimentos externos movimentam as pedras deste jogo de xadrez. E continuamos passivos, a esperar o fim da partida.

Nunca nos foi dado experimentar algo semelhante. O mundo inteiro, todas as pessoas de todos os países, crenças, raças e opiniões, serem assim envolvidas pelo mesmo problema e dentre todos nós, independentemente de nosso nível intelectual e cultural, não existe uma pessoa que possa lançar uma hipótese certeira sobre o futuro. Existem somente previsões, que podem ser alteradas a qualquer momento.

O sol que brilha no céu é o mesmo de sempre, mas parece que o estamos vendo pela primeira vez, porque temos mais tempo e porque estamos mais tranquilos para observar o que se passa com a natureza.

Quando olhamos no horizonte o contorno da cidade, com seus prédios, parques, jardins e moradias com suas antenas e demais modernidades construídas pelo homem, vemos que tudo isso sempre esteve lá, mas nunca tínhamos constatado a importância desses feitos. Mas agora nos encantam, porque desviamos os olhos dos nossos umbigos e estamos mais tranquilos para observar o que se passa a nossa volta.

Esta Pandemia, mais do que nos manter em casa, está nos dando tempo para refletir e pensar na vida, na nossa vida, na nossa rotina, na maneira como temos gasto o nosso tempo.

E pela janela, um por de sol igual aos outros, mas com gosto de primeira vez…

Mylene Prado