A esperança tem de ser a última a morrer

A esperança tem de ser a última a morrer

• Cris Azen •

Situações adversas da vida mostram-se na maioria das vezes propulsoras de futuras conquistas, uma vez que nos tira da zona de conforto. Entretanto temos de considerar que para tal, nós precisamos de desenvolver uma habilidade que de uns tempos pra cá entrou em voga: A resiliência. Qualidade inerente aos seres humanos dotados da capacidade de se moldar de acordo com as necessidades, de superarem a si mesmos apesar das adversidades.

Mas como saber identificar em nós mesmos essa característica? Muitas vezes já fazemos uso dela sem nos apercebermos. O senhor Júlio Oliveira só agora, aos 53 anos, pode parar e olhar pra trás a constatar o quanto foi resiliente na trajetória que traçou para sua própria vida. Segundo ele, não é nada confortável estar desempregado com esta idade, mas numa perspectiva positiva, foi só agora, com mais tempo livre, que ele pode parar pra se autoconhecer e analisar a vida.

Nascido e criado no Porto, onde vive até hoje com a família, é casado há 20 anos com Dona Maria Isadora, mais conhecida como a modista Dora, ofício que exerce desde muito nova, e os dois filhos, Pedro de 13 anos e Ana Catarina de 21 anos. Senhor Júlio chama atenção para o facto de que poderia virar um velhote rabugento a lamentar as injustiças da vida: “Não é fácil a esta altura da vida ficar desempregado, mas tenho de permanecer firme pela minha família e manter a fé”. Bem poético e com os olhos voltados para o céu, continua: “É como as estrelas, nem sempre as vemos, mas elas vão estar lá. Assim tem de ser a fé”. Conclui de maneira filosófica.

Começou na labuta ainda muito jovem, com apenas 16 anos como ajudante em uma fábrica de aglomerados e derivados. Passou por diversas funções em variadas empresas. Seu último emprego foi na área comercial. Pra seguir bem-disposto com a vida une a fé ao apoio da família, afinal a mulher e a filha mais velha estão empregadas. Como ele mesmo diz: “Na vida temos de ser faixa-preta em resiliência e eu tenho esperança que em alguma esquina haverá uma nova oportunidade pra mim”. O que não quer dizer que fica de braços cruzado numa esquina a esperar.

Abre o coração para nós do Olhar Brasileiro e confessa que agora sonha abrir o próprio negócio. Diz que já está em busca de informações e a capacitar-se para tal: “Fiz questão de vir do Porto pra Braga, directo para a Feira de Negócios promovida pela Associação UAI e as palestras que assisti foram de grande proveito para o momento que vivo”. Ao ouvir o entusiasmo com o que o senhor Júlio fala, fica impossível não concordar com o ditado que diz que a esperança é a última que morre.