Você Vai para o Frio?
Uma preocupação comum que temos enquanto estamos no Brasil é se iremos nos adaptar ao frio de Portugal, principalmente quando pensamos em vir para o norte. Talvez os próprios portugueses que vivem no Brasil nos assustem tanto, pois ao mencionarmos a mudança a fala é comum: “você vai para o frio?”
Dependendo da região do Brasil que estamos vindo e dependendo da nossa experiência com outros países, o frio pode vir a assustar mesmo, mas nada que em pouco tempo não se ajuste com roupas adequadas e a casa climatizada corretamente.
O que me surpreendeu mesmo foi o calor! Que calor é esse? Porque ninguém mencionava isso por lá?
Cheguei em Portugal na primavera, mas mudei para Braga no verão. No meu primeiro, ano sofri muito com o calor e o mais engraçado é que por onde eu passava, as pessoas comentavam: “estás a gostar, não é?” Não!!! Definitivamente, não!!! Para mim, foi muito mais difícil adaptar ao calor do que ao frio daqui.
Os brasileiros que chegam estão muito mais bem informados quanto a isso, pois agora o passa palavra flui com muito mais frequência. Entretanto, há sete anos, havia pouca informação na mídia e praticamente nenhuma pessoa para relatar as suas experiências com as coisas mais corriqueiras.
Então, o meu primeiro verão aqui foi a resolver coisas da mudança e questões burocráticas. Logo, nada e praias fluviais ou oceânicas e nem piscinas públicas. Sem esses refúgios do verão, realmente foi muito sofrido para nós que viemos de Belo Horizonte onde a temperatura média do ano girava em torno dos 22 graus. Atualmente isso mudou um bocadinho. Lá está mais quente no verão e mais frio no inverno.
Aprender a viver as estações do ano foi uma das maravilhas que essa mudança me trouxe. Isso nos ensina a dar valor ao frio, ao calor, à chuva, ao sol e ao processo natural da natureza a seguir o seu calendário próprio. Como no Brasil não percebemos no clima essas mudanças clássicas das estações, lidamos de forma muito diferente com o dia a dia.
Adoro essa alternância no guarda-roupas que faz parecer que aquela roupa usada sempre é novidade, pois até retornar à estação para usá-la, já nos esquecemos dela. A programação também muda por completo. Não há rotina… os passeios e lazeres são vividos e experienciados de formas diferentes. Tenho a sensação de que estou de férias na minha própria casa, pois até a casa muda. É muito bom trazer cores para o verão e trazer tecidos mais quentinhos para o inverno: almofadas, tapetes, cortinas… Assim como nossas roupas se adaptam, a casa também. Como cansar disso? Até hoje, isso é diversão para mim.
Quando aprendemos a vivenciar o melhor de cada estação, começamos a perceber que a vida é uma dádiva e cabe a nós reconhecê-la e valorizá-la.
Aproveita!!
Alexandra Gomide
Presidente da Associação UAI
@alexandragomide
