O Teatro é Vida ou a Vida é um Teatro?
O teatro existe desde os primórdios da existência humana. Humanos se comunicavam gestualmente, contavam histórias e passavam tradições através de encenações. A criação de personagens sempre foi instigante. A magia da possibilidade de ser outra pessoa, outro ser, outra coisa além de nós mesmos: é o grande BUM! Viver outra vida, outros amores, outras aventuras que jamais serão, na prática, vividas por nós é o grande chamado que encanta o artista. Mas, na verdade, não vivemos todos uma série de personagens no nosso dia a dia?
No momento em que colocamos o pé fora de casa já não somos a mesma pessoa. Ao cumprimentar nosso vizinho, no trabalho, como filhos, sendo pais, irmãos ou como amigos: somos personagens diferentes. Não pense que é falsidade, cada uma é necessária e importante no seu contexto. Se fossemos a mesma pessoa em todos os lugares, certamente existiriam muito conflitos, em todas as esferas: emocionais, psicossociais e de convivência. São as tais máscaras, que todos usamos e abusamos e são tão necessárias.
Acredito que o teatro e a vida estão em constante conexão e fusão. Vivemos tragédias e comedias num mesmo ato e assim é: essa eterna impermanência. Que nossas máscaras, tão necessárias, nos salvam, nos protegem, nos motivam, mas também, por vezes, nos prejudicam, nos limitam e nos impedem de ir adiante. É uma eterna luta de dualidades.
A arte alivia, alegra, faz refletir, exorciza nossas emoções. Portanto, vá ao teatro, escute uma boa música, assista um filme ou série, pare e curta um artista de rua, desenhe, costure, pinte e borde: tudo isso é terapêutico! E pode penetrar, como água no banho, todas as entranhas do nosso ser e a gente nem perceber, mas sentir o quanto isso nos faz bem. E, acredite, sentir-se bem é a grande busca, não é?! Viva cada um dos seus personagens com intensidade: seja um filho(a) presente, um marido/esposa presente, um amigo(a) presente: esteja presente, esse é o segredo.
Tanise Diva
Arteterapeuta e professora de teatro