Comportamento do Mercado Imobiliário no Futuro Recente
Nos últimos anos o valor da habitação tem vindo a subir constantemente. Mesmo nos anos de pandemia teria sido um dos setores da economia que melhor resistiu aos condicionalismos provocados pela mesma. Mas qual o comportamento a esperar deste setor tão importante para a população em geral no próximo futuro?
Sabemos que muitos fatores poderão influenciar a subida ou a descida dos preços nos próximos tempos. Sabemos que a inflação está a subir; espera-se uma subida da taxa dos juros para combater esta mesma inflação. Também sabemos que o fim das moratórias bancárias vai criar alguma falta de liquidez nas famílias.
Por outro lado, também sabemos que com o teletrabalho e os apoios que o Estado deu às famílias durante este tempo de pandemia, levou a que muitas pessoas conseguissem amealhar dinheiro que não gastaram em viagens para os locais de trabalho, em despesas de alimentação que passaram a fazer em casa ao invés de ir ao restaurante, pouparam no vestuário que não tiveram necessidade de comprar para irem para reuniões por que as mesmas eram online, etc.
Tudo isto levou a que as famílias criassem uma almofada financeira que, agora vai ajudar no recomeço do pagamento das obrigações bancárias com o fim das moratórias. Com isto quero dizer que não será pela via do incumprimento bancário, que levaria ao aparecimento de mais imóveis no mercado, e com isso à queda dos preços. Não entrando imóveis no mercado por esta via, conjugando a pouca oferta de habitação (a procura continua de longe a ser superior à oferta, quer no mercado de arrendamento quer na habitação própria), não tenho dúvidas que o valor dos imóveis se vai manter. Relembro que fruto da inflação e fruto da falta de mão de obra, o que leva a que o valor da mesma seja mais elevado, os promotores imobiliários não poderão baixar o preço, sem baixar na qualidade de construção, o que é de todo indesejável.
Posto isto é pertinente perguntar: Valerá a pena continuar a investir em imóveis?
A resposta é claramente sim. Mas sim porquê?:
- A falta de oferta no mercado de arrendamento leva a que as rendas estejam por valores nunca antes vistos, ao mesmo tempo o dinheiro nos bancos não rentabiliza, criando por vezes despesas bancárias. Isto leva a duas situações:
- Um casal de idade média que tenha que pagar uma renda, tendo estabilidade financeira, isto é, estando os dois a trabalhar e não tendo mais encargos financeiros, tendo algum dinheiro para a entrada do imóvel e pagamento dos respetivos encargos inerentes a uma transação de compra, facilmente consegue um crédito bancário com uma prestação inferior ao valor de uma renda, que pagaria no mercado de arrendamento. Assim sendo, mesmo que compre um imóvel a preços atuais, depois de decorridos alguns anos, com a poupança que fizeram entre o arrendamento, que não fizeram, e a prestação que pagaram ao banco pela amortização do capital investido, associado à redução do capital em dívida fruto das prestações pagas, já criou uma almofada que permite que mesmo que o imóvel venha a descer ligeiramente, nunca perca dinheiro se precisarem de o vender. Portanto continua a ser uma boa altura para investir em habitação própria.
- Um investidor que tenha o dinheiro parado no banco e pense comprar um imóvel que lhe dê uma rentabilidade de 6, 7, 8%, ou por vezes até mais, mesmo estando a comprar num momento em que o mercado está mais aquecido, com a rentabilidade que consegue anualmente no mercado de arrendamento facilmente consegue a almofada financeira que aguente uma ligeira descida de preços, porque foi acumulando durante anos rendas que amortizam o valor da aquisição do imóvel.
Em conclusão, tanto para habitação própria como para investimento no mercado de arrendamento, estamos num bom momento para investir no mercado imobiliário.
José Oliveira
Consultor Imobiliário