O batuque das lutas
• Rodrigo Cruz •
Nascido em uma família de artistas marciais na cidade brasileira de Salvador, por escolhas próprias, Daniel deixou de ser miúdo para tornar-se homem logo cedo. Aos 17 anos mudou-se para a Austrália e rodou o mundo, tendo vivido em países da América do Sul, Oceania e Europa. Da capoeira e da percussão, nasceu a alcunha “Batuquegê”, que carrega em seu nome profissional. Hoje, aos 42 anos, Daniel Batuquegê vive em Braga, onde forma atletas de diversas modalidades de luta em seu próprio ginásio.
Diferente de grande parte dos desportistas, Daniel não precisou se explicar ou convencer a família para seguir carreira nas artes marciais. Criado em uma família de atletas, teve o incentivo do seu pai, Mestre Geni, conhecido tanto na capoeira como na luta livre. “Minha primeira influência foi o meu pai. Meus irmãos também sempre se dedicaram ao desporto, tendo um deles sido um dos primeiros a treinar com a família Gracie (precursora do Jiu Jitsu brasileiro) na Bahia. Meu pai e meu tio sempre tiveram ginásios de artes marciais, então, grande parte da minha infância foi treinando”, lembra Daniel.
Como bom capoeirista, Daniel desenvolveu também o seu talento para a música, aprendendo ainda na adolescência a tocar percussão – daí surgiu a alcunha “Batuquegê”, que é aquele que toca o ritmo do batuque. Chegou a fazer parte, inclusive, do conhecido grupo Timbalada.
“Desde sempre eu queria morar fora do Brasil. Já tinha tio e irmão morando em outros lugares. Meu pai me deu a escolha de, após terminar o 12° ano, ir morar fora ou ingressar em uma universidade. Decidi dar adeus ao Brasil”, diz. Aos 21 anos, rumou para Austrália, onde já estava seu irmão mais velho. A partir daí, se tornou um verdadeiro cidadão do mundo, tendo morado também na Nova Zelândia, Índia, Espanha, até chegar em Portugal.
Antes de se firmar como professor de artes marciais e como músico – suas verdadeiras paixões -, trabalhou em serigrafia, entregador de sofá e auxiliar técnico veterinário. Já na Europa, teve a oportunidade de trabalhar com grandes nomes mundiais da música, como Armandinho e Henrique Iglesias, até decidir trabalhar exclusivamente com o boxe e a capoeira. “Comecei a desenvolver uma carreira sólida nas artes marciais, tendo trabalhado na França, Grécia, Azerbaijão, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Finlândia e outros”.
Hoje, Daniel Batuquegê reside com esposa e filho em Braga, onde tem seu próprio ginásio, B-Fight Champion Team onde, além de formar campeões, é aberto também para pessoas que pretendem aprender uma arte marcial. Sua carreira como treinador só cresce, mas a de andarilho parece que está a terminar, pois a idade pesa e o amor por Braga já o faz considerar-se um verdadeiro bracarense.